16.9.06

ETES

Sou nova no Lar.
Sou também das mais novas.
Custa-me ter vindo tão cedo.
Os meus filhos deixaram de ter espaço:
arrumam-me agora como se faz a um velho livro
que já não sirva,
nada traga de novo,
seja destinado ao olvido.
Aquilo que me traga o peito
é incomensurável.
Dói mais do que tê-los posto,
aos quatro,
no mundo.
Dilacero-me, sangro por dentro, peço a morte.
Ainda só cheguei há dois dias,
mas já me desintegro
nas salas fétidas,
nos olhares baços,
no bafio das roupas que se arrastam com sombras dentro...
Voltarei a ver os meus netos?...
.
Elisa, 67 anos

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ola elisa !! eu gostaria de te conhecer , meu nome e carlos meu email e lefe21@hotmail.com . eu acabei de ler seu comentario e fiquei muito triste com isso e gostaria muito de conversar com vc !! muita força ! um abraço fique com deus.

20 janeiro, 2007 20:30  
Blogger IVA said...

Resposta com 3 meses de atraso:
se prestar atenção, verificará que estas "pessoas" não existem. Personagens de ficção pura, embora com base em realidades que bem conhecemos, infelizmente.

Resta-nos reflectir.
Obrigada pela sua ternura, contudo.

A autora.

16 abril, 2007 03:15  
Blogger Ana said...

Resposta com 2 meses de atraso:
Essas pessoas existem, fazem parte do mundo real.
Obrigada por nos fazeres reflectir. Por dares voz a muitos que já a perderam. Gostei da forma como o consegues.

22 junho, 2007 09:21  
Anonymous Anónimo said...

És uma ternura, Elisa. Se os teus filhos te rejeitaram como um livro vélho, não te importes; deixa-te ler. Os livros não têm idade; melhor, a sua qualidade não transparece no seu aspecto. E quem te souber ler poderá aceder a grandes ensinamentos...

25 março, 2008 23:56  

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